Contexto​
Os impactos das mudanças climáticas já se fazem sentir no aumento da frequência de eventos extremos que afetam a vida das pessoas de todo o Brasil, com secas, enchentes, deslizamentos, apagões de energia, vendavais. Estes impactos também implicam em crescente custo para os cidadãos, às empresas e ao Estado brasileiro, tornando inevitável que sejam adotadas políticas com metas quantitativas e progressivas de mitigação dos gases do efeito estufa (GEE) para limitar o aquecimento global.

Um desafio particular brasileiro são as construções autogeridas, pois mais de 87% da população, ou 177 milhões de pessoas, moram em casas ou “casas de vila ou em condomínio” (IBGE, 2024) e mais de 70% do cenário habitacional é proveniente da construção autogerida (SNIC, 2021). Sua importância na pegada de CO2 da construção brasileira pode ser estimada pelo fato de que mais de 60% do cimento brasileiro é vendido em saco, usado em grande parte em pequenas obras com diversos níveis de autogestão. Essas moradias são produzidas com pouca influência dos códigos construtivos e do arcabouço formal, sem projetos adequados, sem equipe técnica capacitada e pouco sensíveis à regulamentos urbanos e normas técnicas.

O método construtivo e a escolha de materiais na construção de uma moradia tem interferência direta na qualidade do ambiente interno e no aumento das emissões de CO2 para a atmosfera. As edificações influenciam no conforto das pessoas e no clima global. Considerando a ausência de conhecimentos técnicos e construtivos acerca da moradia autogerida e o aumento da recorrência de eventos climáticos extremos, a vulnerabilidade dos moradores e o desconforto térmico é acentuado.

O Brasil, ao assinar a “Declaração de Chaillot” junto com mais de 72 países durante o Fórum Mundial Edifícios e Clima, organizado pela UNEP em março de 2024, assumiu o compromisso de implementar políticas e estratégias regulatórias e financeiras para garantir a descarbonização dos edifícios no sentido amplo, incluindo residências unifamiliares até edifícios altos, residências e comerciais.

Considerando a representatividade da informalidade construtiva (por exemplo, favelas) e a necessidade de descarbonizar o setor construtivo, é necessário construir um diagnóstico apurado da intensidade de emissões de CO2 das habitações brasileiras, de modo a estabelecer uma linha de base, baseada em dados primários. Tais dados, devem ser obtidos de forma padronizada, a partir de uma amostra representativa dos processos de produção, capaz de refletir a complexidade da construção civil brasileira. Uma amostra representativa permitirá também uma estimativa balizada da pegada de CO2 setorial.

Referências bibliográficas

  • IBGE. (2024). Censo Demográfico 2022 – Características dos domicílios.
  • KPMG. (2023). Embodied carbon management for global infrastructure.
  • SNIC. (2021). 2021 Relatório Anual – Sindicato Nacional da Indústria do Cimento.

O projeto tem como objetivo mensurar a pegada de CO₂ das moradias, melhorar a qualidade de vida, apoiar políticas públicas e promover a transição do setor privado para uma economia de baixo carbono em um prazo de cinco anos​

Este projeto tem como objetivo promover a transformação das condições habitacionais em comunidades onde a construção autogerida é a principal alternativa para suprir a demanda por moradia. A autogestão na construção é orientada por decisões baseadas na disponibilidade de materiais e técnicas locais, além da capacidade financeira dos moradores. Esse modelo de construção, embora amplamente adotado, resulta na formação de favelas e periferias caracterizadas por altos custos para os residentes, elevada pegada de carbono e, frequentemente, condições de vida insatisfatórias.​
​ O projeto propõe investigar os parâmetros que guiam as decisões no processo de autoconstrução, bem como quantificar o bem-estar atual nas moradias resultantes dessas práticas. A partir dessa análise, o objetivo é delinear estratégias para melhorar a qualidade de vida dos moradores e, simultaneamente, mitigar as emissões de carbono associadas a essas construções.
Objetivos do projeto

O projeto tem o objetivo principal de desenvolver um método e indicadores para estimar e acompanhar o consumo de materiais e a pegada de CO₂ de moradias, considerando a contribuição destas para a qualidade de vida das pessoas.

Visão geral da Rede MORE​
A primeira etapa do projeto constituiu na concepção e análise do tema, terminando no desenho do projeto piloto – etapa exploratória de coleta de dados na comunidade São Remo, cidade de São Paulo. Após coleta e análise dos dados, é esperado o estimar o carbono incorporado nas construções e relacionar esse dado à qualidade de vida. Serão incorporadas as mudanças necessárias no método desenvolvido para gerar um modelo de medição replicável em escala nacional. Garantindo a replicabilidade, será possível desenvolver soluções visando moradias sustentáveis, resilientes, equitativas e escaláveis, mitigando a pegada de carbono e melhorando a qualidade de vida das pessoas.
Linha do tempo​
Objetivo do Projeto Piloto​

Como primeira etapa, o projeto visa propor um método quantitativo e replicável para estimar a pegada de CO₂ das construções das moradias, a influência dessas moradias no bem-estar das pessoas ​e mapear o processo decisório da sua construção.

Para isso, será realizado um Projeto Piloto em uma comunidade de São Paulo, de forma a desenvolver uma metodologia de coleta de dados e interação com a comunidade, possibilitando a replicabilidade do projeto em outros locais do Brasil e América Latina.​
Grupos de trabalho (GTs)​​​

Grupos de trabalho (GTs)​​

Objetivos de cada GT
GT Comunidades: Estabelecer diretrizes de tecnologia de coleta de dados e liderar a execução dos grupos de trabalho nas jornadas de aprendizagem no território. ​
GT Mapeamento: Estabelecer modelo de geoprocessamento para fornecer dados que subsidiem as estimativas de consumo de materiais no território das favelas em São Paulo, a partir do processamento de dados de sensoriamento remoto, em especial LiDAR (Light Detection and Ranging). ​
GT Materialização: Desenvolver método que permita identificar tipologias, tecnologias e topologias construtivas típicas do território e quantificar os materiais na construção autogerida permitindo estimar o carbono incorporado.​
GT Qualidade do ambiente interior: Desenvolver método de avaliação da qualidade do ambiente interior em habitações construídas de forma autogerida em comunidade na cidade de São Paulo.​
GT Tomada de Decisão: Propor modelo que correlacione os fatores e o processo de tomada de decisão envolvidos na construção autogerida da moradia.

Modelo de trabalho – GTs​

Equipe
A equipe principal é composta por pesquisadores atuantes nas áreas das Engenharias, Arquitetura, Economia, Geografia e Medicina de diferentes Escolas da USP e demais universidades brasileiras, com experiência no segmento habitacional e comportamental, além de especialistas em desenvolvimento sustentável. 
Quem faz parte?
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